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Texto da entrada (ID.73)

II O interior da terra É opinião geralmente acceita que o interior do nosso globo está em estado de fusão. Deducções de toda a natureza e estudos mathematicos especiaes realisados sobre a sua figura e constituição, justificam d’algum modo o valor da possibilidade d’esta hypotese. Invoca-se mais para o seu apoio as diversas erupções de materias mineraes, os phenomenos vulcanicos, e sobretudo, o augmento regular da temperatura para o interior da Terra. Sabemos que se descermos á profundidade de 51 pés, temos 1 grau Tahrenheit [sic]. Se formos 1 milha mais abaixo, achamos um augmento de 100 graus; 10 milhas, 1:000 graus, 30 milhas, 3:000 graus, e assim successivamente, até cifrarmos uma temperatura de 100:000 graus, que é inteiramente impossivel. À medida que se desce a temperatura vae augmentando, mas a partir d’um certo ponto – que não pode passar alem de 200 milhas approximadamente – o grau de augmento já a muito custo e só com um grande esforço d’imaginação, se comprehenderá possivel. Segundo as experiencias do sabio professor Milne e d’ outros distinctos homens de sciencia, “o nosso globo, exceptuando a sua pequena parte semi-fluida, é, pelo menos, duas vezes tão rigido como o aço”. O illustre professor Mohr, de Bonn, depois de ter procedido a uma larga série d ‘ estudos sobre o calor interno do nosso orbe, haver indicado algumas objecções contra a theoria plutonniana da origem do calor central, e discutido, em ultima analyse, os dados fornecidos pelas indicações d ‘ um thermometro collocado 4:000 pés abaixo do solo, escreve: “a causa de augmento do calor no interior do globo, tem sua origem nas camadas superiores da crusta terrestre”. “As outras causas do calor interno do globo proveem da formação de novas rochas christallinas sobre a acção do calor solar, d’infiltração de productos chimicos, como aquelles que resultam da evolução do acido carbonico ao contacto do oxido de ferro com os restos organicos, a formação de pyrites pela reducção de sulphatos ao contacto com materias organicas, a decomposição da turba e das substancias carbonadas. Depois de ter organisado as suas tabellas geothermicas, estabeleceu que a proporção d ‘ augmento da temperatura interna do globo diminue com a profundidade. Sobre este assumpto, que tem sido larga e sabiamente debatido, tem-se dividido, como em tudo, as opiniões. A seguir-se, porem, a opinião de que á profundidade de 30 milhas ciframos a temperatura de 3:000 graus, a terra seria um verdadeiro globo de fogo, cobertto por uma camada solida de quasi nenhuma espessura. Continua


Referência bibliográfica

Theobaldo da Camara - "Formação do Universo – Kant, Laplace, Faye e Du Ligondés – o interior da terra – teoria dos vulcões – causas dos “sismos” - como se registam os “sismos” – relações entre a Terra e o Sol. (continuação)" in Diário dos Açores de 4 de Maio de 1907, nº. 4779, p. 1 (col. 5-6). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=73.



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