Texto da entrada (ID.789)
O tratamento da sciatica sempre tem feito desesperar os medicos... e os doentes. Não porque faltem remedios, ha até muitos. Um só, porem, verdadeiramente efficaz, daria resultados mais satisfatorios. O que foi inventado pelo dr. Sicard, e que começou a ser consagrado por uma experiencia muito repetida, trar-nos-ha a solução definitiva?
É justo confessar que os resultados até agora obtidos são muito animadores.
O methodo de Sicard consiste em injecções “epiduraes” de cocaina.
A solução anesthesiante é introduzida no canal rachidiano pela sua extremidade inferior.
Sabe se que a espinhal-medulla não occupa todo o canal que a aloja e que é terminado por uma ramificação de filamentos nervosos desde a região lombar.
A partir d’ahi, o canal está vasio, ou melhor, nada encerra senão nervos livres no liquido cephalo-rachidiano. O conducto esse está aberto até ao baixo sacro, ponto onde começa o coccyx, um simples ligamento, o ligamento sacro-coccygiano tapa a abertura.
É atravessando esse ligamento que o operador deve injectar , com o auxilio de uma agulha de platina, 10 a 20 centimetros cubicos de uma solução de cocaina a um por cento.
A dôr sciatica cessa quasi immediatamente á operação.
A anesthesia estende se progressivamente até os pontos dolorosos situados na parte mais baixa da coxa e da perna.
Nos casos agudos e recentes, a sciatica póde ser curada com uma só injecção. Para as mais antigas são necessarias injecções muito repetidas. Não deve haver receio de injectar de cada vez doses de 4, 6 e 8 centigrammas de cocaina. O essencial é que esta seja diluida n’uma solução em que se encontre na proporção de um para cem, e que o doente permaneça durante algum tempo, não menos de uma hora , na posição horisontal, que expõe menos do que qualquer outra aos accidentes da cocainização.
Este methodo engenhoso tem sido até agora inoffensivo, e tem contribuido para a realisação de muitas curas.
Referência bibliográfica
[n.d.] - "Medicina Nova - O tratamento da sciatica - O methodo do dr. Sicard"
in Diário dos Açores
de 1 de Outubro de 1910, nº. 5779, p. 1 (col. 4-5). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=789.
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