Base de Dados CIUHCT

Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.792)

Sobre este interessante phenomeno, que agora entretem os sabios, dirigiu o eminente astronomo Camillo Flammarion a seguinte carta ao New York Herald:

“Um quarto cometa passa, n’este momento, à viela da Terra; o primeiro foi o que brilhou em Janeiro, dotado de immenso brilho, para as latitudes menos boreaes, que as da França; o segundo, o de Halley, que passou por nós a 18 de Maio; o terceiro, o que foi descoberto pelo astronomo Metcalf, em 9 de Agosto e que tão rapidamente nos deixou.

O actual telescópio, como o antecedente, e apenas reservado aos instrumentos de grande alcance, dos observatorios, era já esperado; circula regularmente, em torno do Sol, n’um periodo de 2441 dias, ou cerca de seis annos e meio. Foi visto no observatorio de Alger a 26 de Agosto ultimo, como uma minuscula nebulosidade, apenas perceptivel, e de 14ª grandeza! A sua posição corresponde, exactamente, ás ephemerides calculadas.

“Este cometa tem o nome do astronomo d’Arrest, que o descobriu em 17 de Junho de 1851. Tem apparecido em 1857, 1864, 1870, 1877, 1884, 1890, 1897, não podendo ser observado em 1903.

“O meu antigo camarada  Lereau astronomo do observatorio de Paris, fez sobre elle um estudo bastante minucioso, durante tres annos consecutivos, e, graças a este trabalho, a sua orbita pôde ser, desde então, seguida por uma precisão absoluta.

“Pouco brilhante e minusculo – é o mais pallido dos cometas conhecidos – torna-se o mais interessante, sob o ponto de vista das suas perturbações, por se approximar immenso de Jupiter – uns 53 milhões de kilometros – o que atraza ou accelera a marcha d’este minusculo viajante, segundo a direcção do seu percurso.

Em 1864, o potentado do systema planetario atrazou-lhe a revolução, dois mezes. As perturbações do cometa d’Arrest, podem ser tomadas para exemplo da realidade absoluta das leis Newtonianas da gravitação, e bastariam para pulverisar as singulares tentativas feitas, de vez em quando, por alguns espiritos superficiaes, para lhes contestar a realidade.

Apesar da extrema fragilidade d’este vagabundo celeste, pude seguir as suas phases, no observatorio de Juvysi, tendo-lhe tirado Mr. Quenisset algumas boas photographias, infelizmente muito veladas para serem reproduzidas aqui.

No equatorial de 24 centimetros (70 vezes ampliado) apresenta se sob a forma d’uma nebulosa de 4 minutos do diametro, sem nucleo nem consensação central, com uma luminosidade homogenea.

Está situado na constellação de Ophidius, caminhando em direcção ao Sagittario. A sua distancia perihelia é superior á da Terra ao Sol; nunca pode encontrar-se com o nosso planeta. O seu lado mais interessante é a demonstração cabal que nos dá da precisão da sciencia astronomica.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O 4º cometa de 1910" in Diário dos Açores de 3 de Outubro de 1910, nº. 5780, p. 2 (col. 3-4). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=792.



Detalhes


Nome do Jornal


Mostrar detalhes do Jornal

Número

Ano Mês Dia Semana


Título(s) do Artigo


Título

Género de Artigo
Adaptação Internacional

Nome do Autor Tipo de Autor


Página(s) Localização do Artigo na(s) página(s)


Tema
Astronomia

Palavras Chave


Notícia