o distincto medico sr. conselheiro Sabino Coelho enviou de Paris, no dia 16 do mez d’agosto, um interessante artigo sobre o estudo do cancro, de qual reproduzimos a parte final:

“No fim dos aridos trabalhos victimando animaes em laboratorios e cuidando de doentes em serviços clinicos especiaes, está um problema social, cujo alcance avaliam as familias, em que a morte semeou dores que o tempo difficilmente gasta, e cuja importancia comprehendem as nações lançadas francamente n’uma tarefa, por ora ingloria, illuminada pela esperança de futuras conquistas.

O que observei em annos anteriores, no Instituto do cancro de Londres, nos hospitaes inglezes exclusivos de cancerosos e no Instituto do cancro annexo em Berlim ao Hospital de Caridade impede-me de equiparar a França á Inglaterra e á Allemanha, permittindo-me contudoa affirmação do seu desejo de attingir o nivel de tão bons exemplos: por meio da moderna “Association française pour l’etude du cancer”, reunida semanalmente em sessão publica, na Faculdade de medicina, sob a presidencia do professor Bouchard.

O paiz, d’onde escrevo, não entra agora em lucta. Já ligou differentes nomes ao estudo do cancro, e, se ha o direito de excluir ideias preconisadas na imprensa, por falta de garantia clinica e experimental, é de justiça applaudir quem persista em pesquisas conscenciosamente dirigidas.

No Instituto Pasteur prossegue Borrel n’uma obra de perseverança, que apesar de carecer de maior numero de experiencias positivas para se impor pela generalização, tem, no entanto, valor, e define-se por demonstrações tão despretensiosamente interpretadas, que elle mesmo não pretende estende-las a todos os cancros.

Além d’este, outros investigadores francezes collaboram na resolução do problema. A França trabalha para a perfeita organisação da especialidade, continuando antigas diligencias, em que se salientavam, entre outros, Verneuil e Poirier, infelizmente affastados para sempre da cultura da sciencia.”