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Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.876)

O fonografo é, como se sabe, um aparelho curioso que tem a propriedade original de escrever todos os sons complexos da voz e de reproduzia-nos [sic] com a sua articulação acento, intensidade e altura.

O problema de recolher e conservar a palavra, havia mais de tres seculos que preocupava os espiritos dos homens da ciencia mas começou como tantos outros por ser tratado como fantasia.

Em 1632 lia-se no jornal francez “Le Courrier Veritable” que o capitão Vasterloch, tendo passado por um estreito abaixo do de Magalhães, sáltara em terra, e ali encontrára uma qualidade de esponjas, que tinham a propriedade de conservar os sons e as vozes articuladas, de modo que quando os naturaes queriam dizer alguma coisa a pessoas ausentes, chegavam essas esponjas perto da boca, falavam para elas e enviavam-nas aos destinatarios; estes apertavam brandamente as esponjas que repetiam distintamente as palavras recebidas.

Em 1650, Cirano de Bergerac, supondo-se na lua, diz que o genio que lhe servia de cicerone, tendo de o deixar por algum tempo, lhe entregara dois livros para se entreter, os quais não tinham folhas nem letras, não era preciso ter olhos para os ler, mas sim ouvidos: eram umas maquinas, que quando funcionavam deixavam uns sons articulados, semelhando a voz humana, ou sons d’um instrumento de musica.

Depois, Walchins, pretendeu que era possivel conservar os sons vocaes n’uma caixa ou n’um tubo, d’onde sairiam á maneira porque haviam entrado, exactamente como se diz que acontece nas regiões glaciaes, onde as palavras gelam ao sair da boca e não podem ser ouvidas antes do estio proximo, ou por ocasião de desgelo.

Em 1810, o duque de Levis, vendo os progressos da sciencia e da industria no principio do seculo passado, tirou d’ahi conclusões, que fôram tomadas como humoristicas, mas que se tornaram realidade mais cedo do que se esperava. Transportando-se pelo pensamento, a um seculo depois, publicou uma “Correspondencia de dois mandarins chinezes em 1910, na qual conta que chegou a Paris um alemão para tornar conhecido um aparelho de sua invenção, instrumento que permitia ouvir, sempre que quizesse, a voz falada ou cantada das pessoas ausentes.

Não foi preciso decorrer um seculo para que tal se realisasse.

As primeiras tentativas e experiencias que levaram á descoberta do fonografo atual, são devidas ao tipografo Léon Scot, a essas tentativas e experiencias consagrou ele dez anos. Em 1857 apresentou o seu fonografo, aperfeiçoado em 1859 com o auxilio de Koenig, e mais tarde por Geo Hopkins e Berliner.

Quando Edison, em 1878, tornou conhecido o seu fonografo, Léon Scot quiz reinvidicar para si a propriedade da descoberta do metodo grafico de registo das ondas sonoras, mas nada conseguiu, morrendo na miseria em abril de 1879.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O fonografo" in Diário dos Açores de 4 de Março de 1915, nº. 7072, p. 1 (col. 2-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=876.



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