Base de Dados CIUHCT

Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.895)

Um dos engenhos de guerra que mais serviços tem prestado n’esta lucta, em que tantas nações andam empenhadas, é sem duvida as auto-metralhadoras.

Conhece-se o papel saliente que as metralhadoras automoveis téem representado, papel varias vezes observado no que respeita á frente oriental.

A historia d’esta viatura de guerra merece ser contada. Em 1905, por ocasião da guerra da Manchuria, quando esta se achava no seu auge, a dirécção de uma fabrica construtora franceza de automoveis blindados, lembrou-se de escrever ao general comandante dos exercitos russos, fazendo-lhes a proposta de fabricar carruagens de guerra blindadas.

Dias depois a casa construtora recebia um telegrama, em que se lhe marcava uma entrevista em Moscow, para os dirétores da fabrica tratarem com um oficial russo da construção e condições dos carros blindados.

Em algumas horas tudo foi arranjado. Os dirétores da fabrica expozeram o plano que tinham concebido, submeteram á apreciação do general russo os desenhos e á tarde os mesmos dirétores partiam com uma encomenda de seus viaturas blindadas, das quaes, quatro com cupulas e metralhadoras e duas para o transporte das munições e do tesouro de guerra.

Os construtores puzeram imediatamente mãos à obra e quatro mezes depois a primeira carruagem de guerra procedia aos primeiros ensaios. Os resultados foram magnificos.

No contrato feito com o governo russo foi convencionado que a fabrica construtora não teria o direito de vender, antes da guerra, do modêlo aceito, senão á Russia e á França.

A carruagem tinha varias peças para funcionar, que a punham ao abrigo dos assaltantes. Logo que a metralhadora automovel entrava em ação, em uma zona perigosa, a frente fechava-se inteiramente, mas por um dispositivo especial, o condutor ficava com a vista livre.

Interiormente as carruagens são iluminadas elétricamente, visto ser necessario, em marcha, seguir o caminho sobre um mapa, vigiar a engrenagem e abrir os caixões dos projéteis. O veiculo em ordem de marcha não ultrapassa 2.700 kilos; o andamento é de 50 kilometros á hora. A 60 metros a bala da espingarda Lebel atravessa a blindagem, mas é inofensiva; a 150 metros penetrava, mas sem a atravessar e a 200 metros achatava-se.

É curioso o facto que se deu com a remessa d’essas carruagens blindadas para a Russia. Os quatro primeiros automoveis blindados chegaram sem incidente á Russia, mas os odois ultimos perderam-se na viagem através da Alemanha. Depois de varias reclamações, as carruagens foram encontradas n’um parque de artilharia em Berlim, estando uma já desmontada em parte.

A embaixada russa tratou de as rehaver e as duas carruagens foram, afinal, entregues.

O que não ha duvida é que os alemães aproveitaram o facto ocorrido, começando em breve a construir automoveis blindados, de que tão mortifero uso téem feito anualmente.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "A conflagração europêa - As auto-metrelhadoras – O papel que elas representam na guerra" in Diário dos Açores de 8 de Maio de 1915, nº. 7123, p. 1 (col. 5). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=895.



Detalhes


Nome do Jornal


Mostrar detalhes do Jornal

Número

Ano Mês Dia Semana


Título(s) do Artigo


Título

Género de Artigo
Adaptação Internacional

Nome do Autor Tipo de Autor


Página(s) Localização do Artigo na(s) página(s)


Tema
Indústria
Outros

Palavras Chave


Notícia