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Texto da entrada (ID.929)

Na ultima sessão da Academia das Ciencias de Portugal, o padre sr. Himalaia apresentou a 2ª parte da sua interessante comunicação sobre um sistema de irrigação do vale do Tejo, importante trabalho que vae ser apresentado ao sr. ministro do fomento por proposta do sr. Adães Bermudes, aprovada pela Academia.

“No vale do Tejo -  diz essa comunicação – ha, pelo menos, cinco zonas predestinadas para grandes empreendimentos, a saber: 1º, o alto Tejo, desde a fronteira hespanhola até à Portela, um pouco ao poente de Berlver; 2º, o Tejo médio e baixo até à Póvoa de Santa Iria; 3º, a bahia do Tejo até ao Montijo; 4º o porto de Lisboa propriamente dito até Cacilhas; 5º, o canal até á barra.

O alto Tejo é constituido por um extenso canhão, identico aos celebres “canions” co Colorado, onde é facil construir barragens elevadas e obter uma especie de lago artificial que sirva de reservatorio de agua, de irrigação e produção de energia motora, de moderador das grandes cheias, de neutralisador das azielas do ponto de partida para dois ou tres canaes de irrigação de nivel superior, de campo favoravel para a piscicultura, e finalmente, de proveitosa via navegavel.

Para conjugar todas aquelas utilidades, os logares onde mais facil e economicamente se devem construir as barragens que hão-de crear o lago artificial do alto Tejo são: 1º, as Portas do Rodão, 2º, a Amieira, 3º, a Portela, um pouco ao poente de Belver.

A comunicação estuda detalhadamente a forma de construção das barragens e expõe, sinteticamente, o plano geral dos trabalhos a realisar, que consistem simplesmente na construção de dois canaes, partindo do lago artificial do alto Tejo e seguindo cada um a curva hipsometrica ao norte e ao sul do vale, de forma a permitirem a irrigação e a colmatagem da maior area possivel.

Uma vez assegurados os meios de irrigação e colmatagem, os terrenos do vale do Tejo e parte dos do Alemtejo poderiam, como os do vale do Nilo, fornecer duas colheitas, que assegurariam o alimento necessario á população e aos animaes domesticos.

Dotados assim de riqueza agricola e industrial, veriamos aumentar a população alemtejana e mais que triplicar a riqueza publica, tendo então base para sustentar escolas, exercito, marinha de guerra, marinha de comercio, fomento colonial e todos os demais orgãos e elementos do progresso e da civilisação.

Onde ir buscar o dinheiro necessario para estas obras?

Responde assim a comunicação:

“O governo, utilisando as cartas geodesica, agricola, hipsometrica e outras, e mandando levantar algumas plantas do perfil dos rios, determinaria quaes os terrenos irrigaveis, segundo o esboço geral apresentado, no vale do Tejo e seus afluentes, e nos vales dos outros rios e nas planuras do Alemtejo.

Em seguida promulgaria leis especiaes que dessem garantias a quaesquer emprezas que, por sua conta, se encarregassem dos trabalhos de irrigação e dos de arroteamento e colonisação das charnecas e outros terrenos incultos e despovoados e mal cultivados, que poderiam ser expropriados em cada zona por utilidade publica.

É claro que cada zona exigiria uma lei especial que fosse inspirada no perfeito conhecimento das condições locaes, sem lesar pessoa alguma.

O Estado exigiria que as emprezas de irrigação, arroteamento e colonisação, mediante um lucro rasoavel, fossem depois gradualmente cedendo os seus direitos aos colonos em condições de os tornar proprietários da terra.


Referência bibliográfica

[n.d.] - "A irrigação do vale do Tejo - Uma comunicação do padre Himalaia" in Diário dos Açores de 3 de Agosto de 1915, nº. 7190, p. 2 (col. 2-3). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=929.



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Adaptação Nacional

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Agricultura
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