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Texto da entrada (ID.974)

A sciencia ainda não disse a ultima palavra ácerca do maravilhoso metal, cuja descoberta causou tão viva quão justificada sensação em todo o mundo.

O primeiro passo para a descoberta do radio foi certamente a do uranio, cuja glória coube a Becquerel, correndo o ano de 1896.

Este sábio verificou que o corpo simples metálico por ele descoberto possuía a propriedade de poder descarregar a distancia os corpos electrizados e impressionar placas fotográficas na obscuridade.

Mais tarde os esposos Curie, franceses, seguindo de investigação em investigação, notaram que no minério de uranio, a pechblenda, existia um principio mais activo que o próprio metal e verificaram que esse principio constituia um novo elemento ainda mais activo que o corpo simples descoberto por Becquerel. Foi a esse novo elemento que os esposos Curie deram o nome de “radium”, por isso denominado depois “metal conjugal”, por haver sido descoberto pelo simpatico par.

O radio brilha na escuridão e emite constantemente uma radiação que atravessa laminas de chumbo de muitos centimetros de espessura. Tambem projecta em volta, em todos os sentidos, com a velocidade de 300.000 quilómetros, particulas electrizadas e vibratórias.

Essa radiação impressiona a chapa fotografica como a propria luz e produz acções quimicas energicas. Assim, por exemplo, decompõe a agua nos seus dois elementos: oxigénio e hidrogénio. Bem assim transforma o fósforo branco em fósforo vermelho e tem a propriedade de colorir o vidro em massa tornando-se este escuro ou côr de violeta.

Pela sua presença o papel fica assim como que queimado e cheio de furos excessivamente pequenos.

As radiações são de tres especies mui diferentes entre si, que se denominam ráios alfa, ráios beta e ráios gama.

Os primeiros resultam da emissão de projéteis extremamente ténues, especie de moléculas elétrisadas positivamente e que teem a pasmosa velocidade de 20.000 quilometros por segundo, tão pasmosa que é 24.000 vezes maior que a duma bala de artilharia.

Os segundos são constituidos por moléculas mil vezes mais pequeninas ainda, estas porém elétrisadas negativamente e mais rapidas tambem pois a sua velocidade é de 260.000 quilometros por segundo.

Os terceiros são identicos aos raios Roetgen (ráios X).

O radio aquece os corpos que o cercam. Em 2.000 anos um só grama de radio desenvolveria tanto calor, segundo está calculado, como 500 quilogramas de hulha.

Porém de todas as propriedades desse maravilhosissimo metal a mais importante é por certo a das transformações de que é suscétivel. Ele transforma-se com efeito, lentamente, num outro corpo – o hélio – e n’uma especie desfuvio chamado emanação.

Esta ultima transforma-se por sua vez em hélio, e – o que é mais e muito mais assombroso – n’uma serie de corpos, cada um dos quais se destroi sucessivamente para formar outro!...

Diz-se que o chumbo seria talvez um dos termos dessa serie.

A emanação do radio é em si mesma luminosa e achando se em contacto com os corpos comunica-lhes (maravilhosamente tambem!...) a faculdade de por sua vez emitirem radiações como o radio. Mas só conservam durante alguns dias essa faculdade radioactiva.

O radio tem propriedades curativas. Ele máta os microbios. Colocado durante algum tempo sobre a pele humana, produz queimaduras profundas de dificil e mui demorada cura. Facto curioso, tais queimaduras só aparecem muitos meses depois da aplicação do radio.

Para se obterem vinte e cinco centigramas de radio empregam-se, para tratar 1,090 kg de residuos, 5.000 kg de produtos quimicos vários e dez vezes outro tanto de agua de lavagem.

Um kg. de radio (um quilograma) custaria 60 milhões de escudos, ou 60 mil contos!... Mas a quantidade até hoje extrahida em todo o mundo não passa de sete gramas. 


Referência bibliográfica

[n.d.] - "O radio" in Diário dos Açores de 6 de Novembro de 1915, nº. 7270, p. 1 (col. 1-2). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=974.



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