Base de Dados CIUHCT

Divulgação Científica em Jornais



Texto da entrada (ID.98)

III

Theoria dos vulcões (continuação)

 

No estado actual da Sciencia seria arrojo desmedido – pura e aerea phantasia – tentar, pelo menos esboçar, com justeza e precisão, a causa que dá origem ao phenomeno.

Combinações meramente especulativas e conjecturas mais ou menos provaveis, elaboradas no campo estricto e bastante accidentado da theoria ou da hypothese, é que se tem realisado sobre o assumpto. Resultados obtidos por descobertas scientificas exactas demonstram, claramente, ser desconhecida por completo a causa das erupções vulcanicas.

A Geologia muito embora se encontre já num grau eminente de progresso e num periodo luminoso de Verdade, devido ao impulso ingente que lhe imprimiram os Milnes, os Fuchs, os Volgers e os Lapparent, comtudo, não nos descreve ainda, com a mesma rigorosa precisão o immenso organismo vivo do nosso globo, como, por exemplo, um anatomista – o corpo humano.

Não nos diz anda qual a temperatura exacta que põe em fusão, no interior da Terra, as diversas substancias incandescentes e o modo verdadeiro como essa temperatura opera do centro para a superficie.

Mesmo essa temperatura elevadissima attribuida ao interior da Terra, é ainda assim um tanto duvidosa; não se sabendo ao certo se ella é própria ao nucleo central do planeta, ou se o producto de grandes reacções chimicas de materias desconhecidas que lá devem existir em grande quantidade.

A lucta porfiada e incessante dos vapores contidos dentro dos focos vulcanicos com as grandes massas de substancias solidificadas que lhes obstruem a passagem, é que dá causa ás erupções. O vapor d’água pondo em acção a sua poderosa força elastica, arremessa a grandes alturas enormes jactos de lava, e é elle o unico e principal agente de todas as explosões vulcanicas, inclusivé as salsas e os geysers, desempenhando, portanto, um papel ingenito e importantissimo na originalidade do phenomeno.

A distribuição geographica dos vulcões, situados na visinhança dos mares ou na proximidade de grandes massas d’água, attestam muito bem esse facto, e deu logar á theoria que acabamos d’ expor.

Uma circunstancia notavel, parece, no entanto, vir dar-lhe um desmentido formal e categorico. É a immensa cordilheira vulcanica dos Andes e d’ Abyssinia, que tem sido o unico refugio scientifico dos geologos obstinados em não admittir a nova theoria e o simples exemplo que evocam em prova de acção directa das aguas não influir coisa alguma no mechanismo vulcanico, visto essa cordilheira existir centenares de legoas distante do mar e não haver lagos nas suas proximidades.

O eminente professor de geologia Mr. Stanislas Meunier é d´esta opinião, declarando-a ainda ha pouco a um jornalista francês que o entrevistou acerca das ultimas erupções do Vesuvio.

Invocou-se tambem para desmentir a theoria exposta a cadeia vulcanica dos Tian-schan ou montanhas celestes, mas o grande Alexandre d’Humboldt provou á evidencia que ella se estende ao lonfo d’uma vasta depressão que foi outrora um grande mar, demonstrando assim, no parecer do immortal auctor do Cosmo, que houve um systhema de communicação entres esses dois elementos.


Referência bibliográfica

Theobaldo da Camara - "Formação do Universo – Kant, Laplace, Faye e Du Ligondés – o interior da terra – teoria dos vulcões – causas dos “sismos” - como se registam os “sismos” – relações entre a Terra e o Sol. (continuação)" in Diário dos Açores de 24 de Maio de 1907, nº. 4794, p. 1 (col. 4-5). Disponível em linha em http://bd-divulgacaocientificaemjornais.ciuhct.org/entrada.php?id=98.



Detalhes


Nome do Jornal


Mostrar detalhes do Jornal

Número

Ano Mês Dia Semana


Título(s) do Artigo


Título

Género de Artigo
Opinião

Nome do Autor Tipo de Autor


Página(s) Localização do Artigo na(s) página(s)


Tema
Ciências da Natureza
Ciênias da Terra

Popularização da Ciência
Palavras Chave


Notícia