Ha tempos o jornalista americano Alla Berson dirigiu-se a casa do “feiticeiro de Mengo Park”, o celebre inventor Edison, e entrevistou-o ácerca dos seus trabalhos. As palavras de Edison revestem sempre na America o aspéto de um grande acontecimento. Para se avaliar da curiosidade do publico “yankee” em torno do grande fisico, basta lembrarmo-nos que, por ocasião da viagem de Edison á Europa, realisada ha poucos anos, na intenção de conhecer de perto o progresso industrial do velho Mundo, alguns jornaes de New York não hesitaram em despender consideraveis somas de dinheiro para destacar redatores seus com a incumbencia de seguirem o inventor passo a passo e de registarem todos os seus comentarios.
Na entrevista de Berson publicada pelo “Cosmopolitan Magazine” aparecem profecias extraordinarias. Edison começa por prever que, dentro em breve será possível fabricar-se o ouro artificial, e que esse fabrico tão economico que cada tonelada não custará mais de 25 dolares, ou sejam pouco mais ou menos 25 escudos da nossa moeda. Sobre os progressos da aviação, declara tambem que não tardará muito que se possa voar “à maneira de zangãos”.
- O zangão, diz o sabio, move-se sobre ondas produzidas por ele proprio. As azas são pequenissimas em relaçãoao tamanho e ao pezo do corpo. Porque é que vôa, pois, tão bem? Porque sabe utilizar excelentemente as azas, fustigando o ar com uma rapidez que dá á atmosfera a rigidez do aço. Quando os homens quizerem fazer viagens aereas longas, rapidas e seguras teem de aprender com o zangão.
Na opinião de Edison, hão que construir-se em breve maquinas aereas d’esse genero que poderão mover-se com uma velocidade de 160 kilometros á hora, e a proxima geração, na America, só conhecerá a locomotiva pelos compendios das escolas.
Outra profecia. O papel deixará de ser utilisado pela imprensa, e será substuido, pelo nickel, o que constituirá por certo, maravilha maior que o fabrico artificial do oiro. Uma folha de nickel da espessura de 120000 avos de polegada é mais barata e mais flexivel que uma vulgar folha de papel. Um livro de nickel de 40000 paginas terá apenas duas polegadas de espessura, e não pesará mais do que meio kilo!
O mobiliario domestico será na maior parte, construido em aço. Os edificios de cimento armado serão eternos e dentro de trinta anos não se edificará por outro processo.
No capitulo das maquinas as previsões de Edison quasi não teem limites. Assim diz ele, ha de inventar-se uma maquina onde por um lado se introduzam botões fazendo linha, etc, ao passo que por outro sahem os fatos prontos e passados a ferro! As maquinas de impressão hão de fornecer o livro já encadernado e pronto para a venda. Inventar-se-ha uma maquina que transforme a madeira em mobiliario sem a intervenção de um unico marceneiro. Por outras palavras: as maquinas não serão destinadas, como até agora, para fabricar “partes” de produtos que o homem se encarrega depois de juntar, mas sim para fornecer o produto completo. D’essa forma baratear-se-ha a produção: qualquer pessoa poderá por exemplo possuir cinco fatos por ano.
O lavrador actual será substiuido pelo ativo homem de negocios, que ao mesmo tempo, se poderá intitular quimico-agricola botanico e economista.
Da sua famosa bateria de acumuladores disse que se aplicada aos submarinos os transformara n’uma tão terrivel arma que não valerá mais a pena construir couraçados. Pensa tambem que, após a guerra atual, os meios de destruição serão tão horrorosos que implicarão a necessidade de conservar a paz universal, resolvendo-se todas as questões entre os povos no tribunal arbitral da Haya, ao qual se submeterão os governos nos diferentos paizes. Por fim, Edison acentuou ainda a consoladora profecia de que dentro de 100 anos não haverá pobreza no mundo.
Vê se que Edison é optimista. Mas é sempre Edison quem fala...
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